terça-feira, 19 de agosto de 2008

12º Encontro, 26 de junho

O vôo da Asa Branca



A volta da Asa Branca



Planejamento do Encontro:
ALFABETIZAÇÃO e LINGUAGEM – MÓDULO 2
12º Planejamento – 26 de junho

FORMAÇÃO CONTINUADA

"Todas as lindas flores e os suculentos frutos do futuro
dependem das sementes plantadas hoje."
Provérbio Chinês

OBJETIVOS DO ENCONTRO:
* Refletir sobre a difícil transição da cultura de oralidade para a cultura de transição;
* A lingüística e o ensino da língua portuguesa;
* Avaliação, construção do portfólio e organização do trabalho pedagógico.

PROGRAMAÇÃO

1. LEITURA COMPARTILHADA
O sotaque das mineiras.

2. SOCIALIZAÇÃO
Síntese do encontro anterior.

3. REDE DE EXPERIÊNCIAS
Construção do portfólio e o ato de escrever.

4. APROFUNDAMENTO
* Slides: Avaliação e organização do trabalho pedagógico – Portfólio – Prof.ª Márcia (enviado por e-mail)
* Slides: Avaliação e aprendizagem – Prof.ª Susley (enviado por e-mail)
* Da cultura da oralidade para a cultura letrada: a difícil transição – Stella Maris Bortoni-Ricardo
* O vôo da Asa Branca: uma reflexão sobre a Lingüística e o Ensino de Língua Portuguesa – Dioney Moreira Gomes - disponível em http://www.ftb.br/escritosterra/artigos.htm acesso em 10/01/2008.
* Artigo de Marcos Bagno publicado na revista Presença Pedagógica em setembro de 2006.

5. AVALIAÇÃO
Avalio que...
6. Trabalho Pessoal – A ser desenvolvido para o Portfólio
O que você acha de ensinar a Língua Portuguesa padrão como segunda língua? Que estratégias você sugere para o ensino da Língua Portuguesa padrão como segunda língua?
7. Para Saber Mais...
* VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 2004.
* BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação lingüística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
* BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolingüística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
* BORTONE, Marcia Elizabeth. A construção da leitura e da escrita: d0 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
* Pró-letramento: Alfabetização e Linguagem. Secretaria de Educação Básica – Brasília: Ministério da Educação, 2007.
* Prática de Leitura e Escrita/ Maria Angélica Freire de Carvalho, Rosa Helena Mendonça (orgs.).Brasília: Ministério da Educação, 2006.

8. Registro Reflexivo
Escrever sobre o encontro.

Leitura Compartilhada:
O SOTAQUE DAS MINEIRAS

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar... Afinal, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo das moças de Minas ficou de fora? Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: 'ouvi-la faz mal à saúde'. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: 'só isso?'. Assino, achando que ela me faz um favor.Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho. Não dizem: pode parar, dizem: 'pó parar' Não dizem: onde eu estou?, dizem: 'onde queu tô.' Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs.Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de serviço. Faz sentido...Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: 'cê tá boa?' Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário...Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: - Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc)O verbo 'mexer', para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: '- Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô.'Esse 'aqui' é outra delícia que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer 'olá, me escutem, por favor'. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.Mineiras não dizem 'apaixonado por'. Dizem, sabe-se lá por que,'apaixonado com'.Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: 'Ah, eu apaixonei com ele...'Ou: 'sou doida com ele' (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro).Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, comtodo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer: - 'Eu preciso de ir.'Onde os mineiros arrumaram esse 'de', aí no meio, é uma boa pergunta... Só não me perguntem! Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório.No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente. Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena,suspirará:'- Ai, gente, que dó.'É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras... Não vem caçar confusão pro meu lado! Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro 'caça confusão'. Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele 'vive caçando confusão'.Ah, e tem o 'Capaz...'Se você propõe algo a uma mineira, ela diz: 'capaz' !!! Vocês já ouviram esse 'capaz'?É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer 'ce acha que eu faço isso'!? com algumas toneladas deironia.. Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: 'ô dó dôcê'. Entendeu? Não? Deixa para lá. É parecido com o 'nem...' . Já ouviu o 'nem...'?Completo ele fica: '- Ah, nem...' O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciounão fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz: 'Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?'.Resposta: 'nem...'Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?Preciso confessar algo: minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.Se você, em conversa, falar: 'Ah, fui lá comprar umas coisas...'...- Que' s coisa? - ela retrucará.O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o 'que'!Ouvi de uma menina culta um 'pelas metade', no lugar de 'pela metade'.E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará:- Ele pôs a culpa 'ni mim'.A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou: 'preocupa não, bobo!'.E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras. nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: 'não se preocupe', ou algo assim.Fórmula mineira é sintética. e diz tudo.Até o tchau, em Minas, é personalizado. Ninguém diz tchau, pura e simplesmente. Aqui se diz: 'tchau pro cê', 'tchau pro cês'.É útil deixar claro o destinatário do tchau...
A escrita...
A escrita é uma prática e não dádiva. Quanto mais você se dispõe a exercitá-la mais hábil se torna.
Não permita que o desânimo atrapalhe seu crescimento, pois sempre há algo a aprender quando praticamos a escrita. Quando se escreve se aprende não somente sobre a língua, aprende-se muito sobre si mesmo e sobre o mundo.
Assim, como diz o português João Norte...
Escrever por escrever pode parecer uma ilusão, uma perda de tempo, consumo de energia, desperdício de imaginação.
Pode parecer discussão sem adversário, conversa sem assunto, sexo sem parceiro, que são só palavras, palavras perdidas, falar de loucos.
Mas, não é.
Escrever é um exercício gratificante, sinal de vitalidade.
A procura das palavras, do sentido das palavras e do que se escreve, a harmonia do texto é um exercício de construção, de escultor que modela a peça, de pintor que se matiza nas cores.
Escrever é o jorrar de uma energia que não pode ser contida.
Quem escreve vira-se do avesso, exterioriza o que lhe vai na alma, na memória, nos sentidos. Coloca na escrita, ainda que não pareça nem ele tenha disso consciência, pedaços de si próprio, partículas do seu eu que, ao longo da vida, foi construindo.
Cada frase é parte do seu todo, cada letra é uma gota do sangue que lhe corre nas veias.
Escrever como simples exercício pode ser interessante, bonito estimulante pela capacidade de escolher as palavras, organizá-las numa frase, dar-lhe sentido, estabelecer as suas relações, aplicar o adjetivo que melhor caracteriza o sujeito, utilizar o verbo que melhor descreve a ação, dar cor ao texto, dar-lhe som, musicalidade, imprimir-lhe convicção, apelo ou imposição, ordem ou súplica, blasfêmia ou oração.
Cada texto é um grito, uma ruptura com a solidão, uma brecha na muralha que a vida construiu à nossa volta.
É um brado de liberdade, liberdade de fazer o que não lhe pedem nem lhe mandam fazer.
Pode não atrair muitos leitores, pode não agradar a parte deles, mas é obra, é criação.
Cada um de nós é feio ou bonito, mas todos somos gente! Gente que pensa, que sente, que vive!
Ainda ninguém deixou de fazer um filho por pensar que pode sair feio, ou deixou?!Escrever por escrever é melhor do que não escrever!
Prof. Susley.

Nada na Língua é por Acaso






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